Por onde Charlotte estiver, o mundo parece mais quente, mais cheio de histórias. Uma risada que envolve, um olhar que desafia. É o abraço invisível do café recém-passado, o toque doce e picante que aquece a pele e desperta a alma.Sua presença é como um encontro inesperado — familiar e ao mesmo tempo cheio de mistério. Um convite para sentir, viver e se entregar ao momento.
Dizem que ela acendia um cigarro antes de pintar. Não por vício — mas por ritual. A primeira tragada vinha sempre depois de um gole de café forte, daqueles que parecem carregar os segredos da noite anterior. Charlotte acreditava que a arte não devia ser bonita — devia ser verdadeira. E era assim que ela vivia: com um tipo raro de intensidade que intimidava e fascinava ao mesmo tempo.
Pintava com os dedos. Ria com os olhos. Dormia pouco. Amava muito. Nas manhãs, o cheiro de café e cereja se misturava ao som dos vinis riscados que rodavam enquanto o mundo lá fora seguia rotineiro — e o dela, em ebulição.
À tarde, seu ateliê se enchia de notas doces e quentes, como sua presença. Coco e canela pairavam no ar como se saíssem da pele, não de frascos. Ela não precisava levantar a voz — sua essência bastava.
Ao cair da noite, havia silêncio, baunilha e musk. Era quando ela se recolhia — não por cansaço, mas por criação. Porque até o silêncio dela parecia querer dizer algo.
Charlotte não foi feita para ser entendida. Foi feita para ser sentida. Como tudo que é arte.